domingo, 17 de junho de 2012

Miguel Pereira: Em um dos melhores climas do mundo, a Linha Auxiliar ainda respira.


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   Em Miguel Pereira, cidade da Região Serrana do Rio de Janeiro, temos paisagens lindas. O clima da cidade, considerado um dos melhores do mundo e comprovado por mim nas poucas vezes em que visitei este belo lugar, é muito propício para horas e mais horas de caminhadas. Como temos lugares bonitos em nosso país, e como esses lugares são tão mal explorados turisticamente… Uma cultura que aos poucos precisa mudar nesse país.

   Bom, lá ainda respira um pedaço bem pequeno da Linha Auxiliar. Triste é saber que esse pedaço é pequeno por causa de interesses escusos. Mas, ao mesmo tempo é para se ficar feliz, pois mesmo pequeno, existe ali a bravura de homens da AFPF (Associação Fluminense de Preservação Ferroviária) que não movem esforços e mantém um trenzinho bem simples em funcionamento dentro de parte da cidade. O que tem de simples nessa composição, tem de entrega e valor, de pessoas que lutam para que esse país volte a ser novamente um país de trilhos assentados e fortes impulsionadores de nossa economia. Eu acredito que isso ainda irá acontecer, mas é uma outra história.
   Começamos nossa expedição pela Estação Miguel Pereira. Ali parece que o trem irá passar a qualquer momento. Quem não conhece pensa que o trecho é ativo ainda. Eu mesmo sentei numa das plataformas e viajei no tempo, tentando imaginar o trem entrando no seu pátio.
DSC00339As plataformas da estação.
DSC00340O pátio da estação: lindo é pouco para descrever esse lugar.
DSC00342A alavanca do AMV entre os arbustos.
DSC00345Esse é o trem que citei anteriormente.
DSC00347Aqui começa a entrada do pátio da estação Miguel Pereira.
   Eu não sei ao certo quando foi que o último trem correu nesse trecho da Linha Auxiliar (existem relatos - a se confirmar - até o ano de 1994 mais ou menos), mas vendo essa parte da cidade, diria que não passaria de dias. Uma cidade, que não é uma “cidade grande”, dando lição de como preservar sua história.
   Partindo em direção a Governador Portela, ainda teríamos pela frente a bela parada Barão de Javary, mas as surpresas insistem em aparecer e, antes mesmo dessa última, encontramos uma plataforma no meio do caminho. O que seria?
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   Segundo levantamento feito por companheiros do fórum Trilhos do Rio (www.trilhosdorio.com.br/forum), essa plataforma seria da parada Antiga Prefeitura. O por que do nome ainda é mistério, mas pode ser que tenha algo relacionado a administração do município num tempo bem remoto.
   Chegando na parada Barão de Javary, me deparo com a mesma num bom estado de conservação. Ali, mais uma vez, me sentei e viajei no tempo.
DSC00356A bela parada.
DSC00357Ao fundo, um “túnel verde”.
DSC00358Vista oposta.
DSC00360A parada, ao fundo, vista do “túnel verde”.
DSC00361Dentro do “túnel verde”.
   Barão de Javary vai ficando para trás e, antes mesmo de chegarmos na estação Governador Portela, presenciamos cenas de desperdício de dinheiro público e desrespeito. Num desvio próximo a estação, estão alguns vagões prancha com pontes desmontadas. Estávamos perto da antiga oficina de pontes de Governador Portela. Vagões ali deixados pela RFFSA e posteriormente pela FCA, que detém a concessão do trecho, mas que não se interessa nem um pouco em conservar a via, indo contra o contrato de concessão.
DSC00364Tristeza.
DSC00365Mais tristeza
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DSC00368Abandono e desperdício de dinheiro público.
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   Poucos metros desse espaço desolador, eis que chegamos ao destino final: a estação Governador Portela. Nela existia um grande pátio de manobras. Dali, até o ano de 1970, também partia o Ramal de Jacutinga, já em Minas Gerais.
DSC00376O conjunto da estação: torneira, caixa d’água, o pátio e a estação na mesma foto.
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   A estação está muito bem conservada, abriga um pequeno museu com acervo da RFFSA e o atendente que estava lá foi muito solícito conosco. Ali dentro o tempo também parece que parou. Mapas, uniformes, equipamentos… coisas que possivelmente não veremos mais na Linha Auxiliar.
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   Do lado de fora da estação, bem ao lado encontra-se uma réplica da Baroneza, nas dependências da AFALA (Associação dos Ferroviários Aposentados da Linha Auxiliar).
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   Olha, tive muitas surpresas nesse dia. Algumas ruins, mas as boas foram em maior quantidade. Saber que a Linha Auxiliar ainda respira ali naquele trecho foi uma delas. Em termos de conservação, depois de tudo que já vi em alguns lugares aqui no Rio, ver o que vi lá me deixou aliviado e feliz. Ainda existem pessoas, entidades e prefeituras que cuidam e/ou preservam sua história. Miguel Pereira me encantou com seu jeito acanhado de cidade do interior, sua beleza e seu clima. Está marcada na minha mente para uma volta com mais tempo para explorar o que ficou faltando.
   Até a próxima.